A ligação entre a doença de Parkinson e o consumo de álcool é complexa e ainda não totalmente compreendida.
A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico que afeta o movimento e é causado pela perda de células produtoras de dopamina no cérebro.
O álcool também afeta a dopamina. Então, é seguro beber álcool se você tiver a doença de Parkinson? A resposta não é tão simples.
O consumo de álcool aumenta o risco de desenvolver Parkinson?
Durante décadas, os investigadores têm investigado a ligação entre a doença de Parkinson (DP) e o consumo de álcool, com resultados complexos e muitas vezes contraditórios.
Alguns estudos não mostraram nenhuma ligação entre os dois, enquanto outros sugerem que o consumo moderado de álcool (5-29,9 gramas por dia) pode na verdade reduzir o risco de DP. Outras evidências sugerem que o uso intenso (mais de 30 gramas por dia) ou prolongado de álcool aumenta o risco.
Um grande europeu
Uma análise de 11 estudos descobriu que o consumo de álcool estava associado a um risco ligeiramente reduzido de DP. E diferentes tipos de álcool podem causar efeitos diferentes.
Por exemplo, dois estudos incluídos na análise concluíram que o consumo de cerveja, em particular, estava associado a um reduzido risco de DP, enquanto vinho ou bebidas alcoólicas estavam associados a um risco aumentado. No entanto, alguns desses resultados não foram estatisticamente significativos. Em outros quatro estudos, nenhuma diferença foi encontrada entre cerveja, vinho e licor.
No geral, os autores descobriram que uma diminuição do risco de DP estava associada apenas ao consumo de cerveja, mas não de bebidas alcoólicas e vinho. Isto pode ocorrer porque a cerveja tem um teor de etanol muito menor, mas níveis mais elevados de antioxidantes, como ácido fólico, niacina, purina e outros fenólicos que se acredita mediarem os efeitos neuroprotetores do álcool.
A cerveja também está associada a uma alta concentração de ácido úrico, que demonstrou ter efeitos neuroprotetores em estudos com animais.
Transtorno por uso de álcool e risco de Parkinson
Algumas evidências sugerem que o uso excessivo de álcool, como o observado no transtorno por uso de álcool, pode levar a um risco aumentado de DP.
A pesquisa mostrou que o consumo excessivo de álcool a longo prazo perturba o funcionamento típico do cérebro, levando a um aumento na atividade do glutamato e na liberação do hormônio do estresse, e a uma capacidade reduzida de eliminar o glutamato do cérebro.
Isso pode resultar em estimulação excessiva das células nervosas, danos às estruturas celulares e, por fim, morte celular.
O álcool piora os sintomas do Parkinson?
A DP é caracterizada por uma diminuição nos níveis de dopamina no cérebro devido à perda de células produtoras de dopamina em uma região do cérebro.
A ingestão aguda de álcool pode aumentar a liberação de dopamina em certas regiões do cérebro, o que pode aliviar temporariamente alguns dos sintomas motores da DP, como tremores e bradicinesia (lentidão de movimentos).
No entanto, o uso crônico de álcool ou o consumo excessivo de álcool podem levar à depleção de dopamina no cérebro a longo prazo, o que pode piorar os sintomas da DP ao longo do tempo.
O álcool também pode interagir com medicamentos comumente usados para tratar a DP, como a levodopa, que é um precursor da dopamina. O álcool pode interferir na absorção e eficácia da levodopa, causando aumento de tremores e outros sintomas motores.
Como o álcool afeta a DP?
O álcool é um depressor do sistema nervoso central que pode interagir com os sintomas da DP de várias maneiras, incluindo as seguintes:
- Sintomas motores: O álcool pode afetar a função motora e a coordenação e pode piorar alguns dos sintomas motores da DP, como tremores, rigidez e bradicinesia (lentidão de movimentos).
- Interações medicamentosas: O álcool pode interagir potencialmente com medicamentos para DP e reduzir sua eficácia, levando ao aumento dos sintomas da DP.
- Risco de equilíbrio e queda: A DP pode aumentar o risco de quedas devido a problemas de equilíbrio. O álcool pode prejudicar ainda mais o equilíbrio e a coordenação, aumentando potencialmente o risco de quedas em pessoas com DP.
- Distúrbios do sono: O álcool pode perturbar os padrões de sono, e as pessoas com DP muitas vezes já apresentam distúrbios do sono, como o distúrbio comportamental do sono REM.
Você pode beber álcool se tiver DP?
O consumo excessivo de álcool ou o uso indevido crônico de álcool pode potencialmente piorar os sintomas da DP, interferir na eficácia da medicação, aumentar o risco de quedas devido ao comprometimento do equilíbrio e da coordenação e perturbar os padrões de sono.
Por outro lado, algumas pessoas com DP podem tolerar o consumo moderado de álcool sem agravamento significativo dos sintomas. É importante discutir isso com um profissional de saúde para determinar o que é seguro e apropriado para você.
Você pode beber se tomar carbidopa-levodopa?
Carbidopa-levodopa é um medicamento combinado que ajuda a aumentar os níveis cerebrais de dopamina para ajudar a aliviar alguns dos sintomas motores da DP.
Tanto a carbidopa quanto a levodopa podem causar efeitos colaterais como tonturas, sonolência e dificuldade de coordenação, que podem ser agravados pelo álcool.
Resultado final
A relação entre a doença de Parkinson e o consumo de álcool é complexa e ainda não totalmente compreendida.
Embora alguns estudos sugiram que o baixo consumo de álcool pode ter um efeito protetor na doença de Parkinson, outros sugerem que depende do tipo de álcool consumido. Há também evidências de que o consumo excessivo de álcool pode aumentar o risco de desenvolver a doença de Parkinson ou piorar os seus sintomas.
Se você ou um ente querido tem doença de Parkinson, consulte seu médico para obter aconselhamento médico personalizado sobre o uso de álcool.
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