A França diz que está transferindo obuses Caesar, mísseis antitanque Milan e milhares de projéteis para Kiev após a invasão da Rússia.
A França está enviando várias armas de artilharia para a Ucrânia, já que um número crescente de nações ocidentais contribui com armas mais pesadas para Kiev após a invasão russa.
“Estamos entregando equipamentos significativos, de Milão [anti-tank missiles] para César [howitzers]”, disse o presidente Emmanuel Macron ao jornal regional Ouest-France.
“Acho que temos que continuar neste caminho. Sempre com a linha vermelha de que não nos tornaremos partes do conflito.”
A ministra da Defesa, Florence Parly, confirmou no Twitter que a França enviaria “vários canhões de artilharia César e milhares de granadas”.
Construído pela fabricante de armas Nexter, parcialmente estatal, o Caesar é um obus de 155 mm montado em um chassi de caminhão de seis rodas, capaz de disparar projéteis a distâncias de mais de 40 km (25 milhas).
Autoridades ucranianas, incluindo o presidente Volodymyr Zelenskyy, imploraram repetidamente às potências europeias e da Otan que forneçam armas mais pesadas, especialmente artilharia, enquanto a Rússia lança um novo ataque ao leste de seu vizinho.
Zelenskyy também pediu ao Ocidente que imponha sanções mais duras à Rússia e acusou o exército russo de cometer muitas atrocidades na Ucrânia, inclusive na cidade portuária de Mariupol.
A medida ocorreu um dia depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou um novo pacote de US$ 800 milhões em ajuda militar para a Ucrânia, dizendo que ajudaria as forças de Kiev na luta contra as forças russas na região leste de Donbass.
“Este pacote inclui armas de artilharia pesada, dezenas de obuses e 144.000 cartuchos de munição para acompanhar esses obuses. Também inclui mais drones táticos”, disse Biden na quinta-feira.
Embora alguns países, como os EUA, tenham sido rápidos em responder, outros – notadamente a Alemanha, peso pesado da UE – temem antagonizar ainda mais Moscou ao entregar armas mais poderosas para a Ucrânia.
“Não há nenhum livro para esta situação onde você possa ver em que ponto seremos vistos como parte do conflito”, disse o chanceler Olaf Scholz ao semanário Der Spiegel na sexta-feira.
Mas ele acrescentou que a Alemanha substituirá as armas fabricadas pelos soviéticos enviadas para a Ucrânia por aliados da Otan e da UE, incluindo a Eslovênia, por novas fabricadas na Alemanha.
“Este é um debate que vai ao cerne da vida política da Alemanha. É uma escolha soberana que pertence à Alemanha e nós a respeitamos”, disse Macron, acrescentando que conversou recentemente com Scholz.
“Temos a mesma estratégia do chanceler, que é dizer que ajudaremos os ucranianos o máximo possível, mas devemos ter cuidado para nunca nos tornarmos partes do conflito”.
‘Representação caluniosa’
Scholz rebateu nesta sexta-feira as acusações de que seus social-democratas de centro-esquerda têm sido muito brandos com a Rússia, enquanto os críticos acusam Berlim de atrasar as entregas de armas pesadas para a Ucrânia.
Os opositores confrontaram seu Partido Social Democrata (SPD) com uma “descrição distorcida e caluniosa” de sua política para a Rússia, disse Scholz em entrevista ao semanário alemão Spiegel.
“Isso me irrita”, disse ele, acrescentando que o SPD estava “ligado à aliança ocidental e transatlântica”.
A Alemanha foi criticada por se recusar a enviar diretamente armas pesadas para a Ucrânia, mesmo quando aliados como EUA, Grã-Bretanha, República Tcheca e Holanda aumentaram suas entregas.
Muitas das críticas foram direcionadas a Scholz, que enfrentou pressão até mesmo de seus dois parceiros juniores da coalizão para tomar medidas mais duras.
Mas o governo disse que, após décadas de subinvestimento crônico, o exército alemão, chamado Bundeswehr, simplesmente não está em posição de enviar as armas que a Ucrânia deseja.
O potencial de enviar armas para a Ucrânia a partir dos estoques da Bundeswehr estava “em grande parte esgotado”, disse Scholz na entrevista.
“O que ainda está disponível ainda será entregue”, disse Scholz, citando armas antitanque e munições de artilharia.
A Rússia lançou sua invasão total da Ucrânia em 24 de fevereiro, após um impasse de meses que viu Moscou reunir tropas perto das fronteiras ucranianas, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, exigia o fim da expansão da OTAN nas ex-repúblicas soviéticas.
Mas nas últimas semanas, Moscou reduziu seus objetivos de guerra, transferindo seus esforços militares para a região leste de Donbass depois de não conseguir capturar a capital ucraniana.
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