Parentes encontram o corpo de Hind Rajab, que implorou às equipes de resgate que enviassem ajuda depois de ser preso por fogo militar israelense.
O corpo de uma menina palestina de seis anos, desaparecida há 12 dias depois que um tanque israelense atacou o carro de sua família em Gaza, foi encontrado junto com os corpos de dois médicos enviados para procurá-los.
A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS) e a família da menina, Hind Rajab, confirmaram no sábado que todas as sete pessoas dentro do carro morreram, com a organização de ajuda palestina dizendo que perdeu os tripulantes Yusuf Zeino e Ahmed al-Madhoun no Ataque israelense a civis na cidade de Gaza.
Membros da família encontraram o corpo de Hind junto com os de seu tio e tia e seus três filhos perto de uma rotatória no subúrbio de Tal al-Hawa da cidade, informou a agência de notícias palestina Wafa.
Outro tio de Hind, Sameeh Hamadeh, disse que o carro estava cheio de buracos de bala.
“A ocupação visou deliberadamente a ambulância quando chegou ao local, onde foi encontrada a poucos metros do veículo que continha a criança Hind presa”, afirmou o comunicado do PRCS.
“Apesar da coordenação prévia para permitir que a ambulância chegasse ao local para resgatar a criança, Hind, a ocupação teve como alvo deliberado a tripulação da ambulância do Crescente Vermelho Palestino.”
🚨 Urgente: A ambulância do Crescente Vermelho Palestino foi descoberta bombardeando a área de Tal al-Hawa de #Gaza City, resultando no assassinato dos tripulantes Yusuf Zeino e Ahmed Al-Madhoun, que estavam desaparecidos desde uma missão de resgate da criança Hind Rajab, há 12 dias.#NotATarget❌… pic.twitter.com/dCgfeevTd8
– PRCS (@PalestineRCS) 10 de fevereiro de 2024
No início deste mês, o PRCS publicou um arquivo de áudio no qual Hind podia ser ouvido implorando ao telefone com um membro da equipe de resgate. Acredita-se que todos os membros de sua família tenham sido mortos antes dela, deixando-a aterrorizada no carro com os cadáveres de seus entes queridos.
“Estou com tanto medo, por favor, venha. Por favor, chame alguém para vir me levar”, ela foi ouvida chorando desesperadamente na ligação que, segundo o PRCS, durou três horas, em um esforço para acalmar a criança assustada.
O exército israelense havia dito anteriormente que não tinha conhecimento do incidente.
O PRCS iniciou a contagem do número de horas desde que perdeu contacto com Hind e a tripulação na tentativa de chamar a atenção para a situação dos profissionais de saúde palestinianos, que persistem sob constantes ataques do exército israelita.
Numa entrevista à Al Jazeera Árabe, pouco depois de a família ter sido alvo, a mãe de Hind disse que conseguiu falar com ela e com um primo mais velho, Layan Hamadeh, de 15 anos, que estava com Hind no carro.
“Eles estão atirando em nós. O tanque está perto de nós”, disse Layan em gravação divulgada na época.
Então uma saraivada de tiros foi ouvida, seguida de gritos, antes que a linha fosse cortada.
A situação de Hind, revelada nos angustiantes clips de áudio, sublinhou as condições impossíveis para os civis face ao ataque de quatro meses de Israel a Gaza, que muitos governos qualificaram de “genocídio”.
Os militares de Israel mataram quase 28 mil pessoas – a maioria mulheres e crianças – desde 7 de outubro, quando combatentes do Hamas atacaram Israel, matando mais de 1.100 pessoas e fazendo 253 prisioneiros, segundo dados israelenses.
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