Na reunião do G20, Modi da Índia diz que ‘governança global falhou’


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Líder indiano pede que o bloco encontre um terreno comum em questões globais ao inaugurar a reunião marcada para ser dominada pela guerra na Ucrânia.

Modi
Modi, à direita, cumprimenta a contraparte italiana Giorgia Meloni durante uma recepção cerimonial no palácio presidencial em Nova Delhi [T Narayan/Bloomberg via Getty Images]

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, criticou as instituições globais por não enfrentarem os maiores desafios do mundo, pedindo aos países que encontrem um terreno comum em questões polêmicas.

Falando na abertura da reunião de ministros das Relações Exteriores do Grupo dos 20 (G20) em Nova Delhi na quinta-feira, Modi disse que os países devem reconhecer que o multilateralismo está atualmente “em crise”.

“A experiência dos últimos anos – crise financeira, mudança climática, pandemia, terrorismo e guerras – mostra claramente que a governança global falhou”, disse Modi em comunicado gravado.

“Não devemos permitir que questões que não podemos resolver juntos atrapalhem aquelas que podemos”, acrescentou Modi.

Índia G20
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à direita, participa da reunião do G20 em Nova Delhi [Olivier Douliery/Pool Photo via AP]

A Índia detém a presidência do G20 este ano. Mas os laços de segurança de longa data de Nova Délhi com Moscou colocaram o anfitrião da reunião de quinta-feira em uma posição incômoda.

A Índia, sendo um grande comprador de armamentos e energia russos, não condenou diretamente a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Na quarta-feira, o secretário de Relações Exteriores da Índia, Vinay Kwatra, disse que a guerra da Rússia na Ucrânia deve ser um ponto importante de discussão na reunião.

Nova Delhi também está empenhada em direcionar as negociações para questões que afetam o Sul Global, como a erradicação da pobreza e a mudança climática.

Delegados da Europa e dos Estados Unidos, no entanto, reiteraram que responsabilizam a Rússia pelo conflito, com a Alemanha dizendo que usaria a reunião para combater a “propaganda” russa.

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Lavrov, à direita, com o chanceler brasileiro Mauro Vieira [Russian Foreign Ministry Press Service via AP]

Falando à margem da reunião, o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Wopke Hoekstra, disse a repórteres que a Rússia é a única responsável pela guerra e deve continuar a ser sancionada.

A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, também disse que o G20 deve responsabilizar a Rússia pelas “consequências negativas para quase todos os países do planeta”.

“Precisamos oferecer soluções que protejam os mais vulneráveis, em vez de deixá-los sofrer com a guerra da Rússia”, disse ela.

A reunião de Nova Delhi conta com a presença de 40 delegações, incluindo as chefiadas pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang.

Na quarta-feira, Blinken disse que não tinha planos de se encontrar com nenhum dos dois ministros. Os laços entre Washington e Pequim estão tensos por causa da Ucrânia, assim como os EUA derrubaram no mês passado o que disseram ser um balão espião chinês que flutuava sobre a América do Norte.

A reunião dos ministros das Relações Exteriores do G20 ocorre após uma reunião de ministros das finanças em Bengaluru no mês passado não concordou com uma declaração conjunta sobre a guerra.

Nessa reunião, Modi apelou às principais economias para ajudar as pessoas mais vulneráveis ​​do mundo e “trazer de volta a estabilidade, confiança e crescimento para a economia global”.

A falta de consenso na reunião de autoridades financeiras refletiu o resultado da cúpula do G20 em novembro passado em Bali, quando a anfitriã Indonésia divulgou uma declaração reconhecendo as diferenças entre os países.


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