GENEBRA / BENGHAZI, Líbia – Os legisladores baseados em áreas do leste da Líbia controlados pelo comandante militar Khalifa Haftar disseram na segunda-feira que não participarão, por enquanto, de negociações de paz com políticos aliados ao governo reconhecido internacionalmente.
Os políticos do leste disseram que as Nações Unidas, que estão intermediando as negociações em Genebra, não aprovaram todos os membros da delegação proposta.
A recusa dos legisladores é o mais recente golpe para os esforços das Nações Unidas para encerrar uma ofensiva de quase um ano pelas forças de Haftar, que visa tomar a capital Trípoli.
A ONU planejava reunir legisladores de ambos os lados do conflito da Líbia na quarta-feira para encerrar a luta por Trípoli como parte de um diálogo que engloba vertentes militares, políticas e econômicas.
O governo internacionalmente reconhecido da Líbia com sede em Trípoli descreveu Haftar como um "criminoso de guerra" e exigiu que ele retirasse suas forças que ameaçavam a capital.
O governo, que quase abandonou as negociações de Genebra na semana passada, culpou as forças de Haftar por bombardear o porto de Trípoli logo após o início das negociações.
Figuras militares de ambos os lados concordaram em submeter um projeto de acordo de cessar-fogo a suas lideranças antes de se reunir novamente no próximo mês, informou a missão da ONU na Líbia, UNSMIL, em comunicado.
As negociações políticas deveriam começar na quarta-feira, mas os parlamentares do leste se recusaram a participar porque a UNSMIL aprovou apenas oito de seus 13 delegados, disse Ahmaida Erouhma, chefe do comitê de Genebra no parlamento oriental, a repórteres na cidade de Benghazi.
UNSMIL não pôde ser encontrado imediatamente para comentar.
O governo de Trípoli insistiu que Haftar recuasse suas tropas das linhas de frente em torno de Trípoli, disse o ministro das Relações Exteriores Mohamed Syala a jornalistas.
O primeiro-ministro Fayez al-Serraj havia chamado Haftar de "criminoso de guerra" em uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
"As crianças perderam o direito à educação devido ao bombardeio e ao fechamento das escolas por causa do agressor e daqueles que financiam o agressor e fornecem armas, elas devem ser responsabilizadas", disse Serraj.
Quase nove anos desde que os rebeldes apoiados pela Otan derrubaram Muammar Kadafi, a Líbia ainda não possui uma autoridade central no controle de suas vilas e cidades. Grupos armados patrulham as ruas, enquanto governos rivais existem em Trípoli e no leste.
Haftar é aliado a um governo e parlamento rival no leste da Líbia, que também abriga uma empresa paralela de banco central e petróleo.
Ambos os lados são apoiados por potências estrangeiras. A facção do Exército Nacional da Líbia (LNA) de Haftar tem apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos, enquanto a Turquia enviou soldados e armas para ajudar o governo de Trípoli.
0 Comments