Francesca Albanese afirmou que havia indicações claras de que Israel violou três atos da Convenção da ONU sobre Genocídio.
Uma especialista das Nações Unidas que publicou um relatório afirmando que havia motivos razoáveis para acreditar que Israel cometeu genocídio na sua guerra contra Gaza, diz que recebeu ameaças ao longo do seu mandato.
Francesca Albanese, relatora especial sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, apresentou na terça-feira um relatório intitulado “Anatomia de um Genocídio” ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, que Israel disse “rejeitar totalmente”.
No relatório, Albanese disse que há indicações claras de que Israel violou três dos cinco atos listados na Convenção do Genocídio da ONU na sua guerra contra Gaza.
Questionada sobre se o seu trabalho no relatório a levou a receber ameaças, Albanese disse: “Sim, recebo ameaças. Nada que até agora eu considerasse que necessitasse de precauções extras. Pressão? Sim, e isso não altera nem o meu compromisso nem os resultados do meu trabalho.”
Albanese, que ocupa o cargo desde 2022, não detalhou a natureza das ameaças, nem disse quem as emitiu.
“Tem sido um momento difícil”, disse ela. “Sempre fui atacado desde o início do meu mandato.”
Israel criticou Albanese, dizendo que ela estava “deslegitimando a própria criação e existência do Estado de Israel”. Albanese negou a acusação.
Albanese disse que uma das suas principais conclusões foi que a liderança executiva e militar de Israel e os soldados “subverteram intencionalmente as suas funções de protecção numa tentativa de legitimar a violência genocida contra o povo palestiniano”.
“A única inferência razoável que pode ser tirada da revelação desta política é uma política estatal israelita de violência genocida contra o povo palestiniano em Gaza”, disse ela, acrescentando que se tratou de um “processo colonial de apagamento de longa data”.
Ela apelou ao fim da “Nakba em curso”, referindo-se à limpeza étnica da Palestina em 1948.
A missão diplomática de Israel em Genebra disse que o uso da palavra genocídio era “ultrajante” e disse que a guerra era contra o Hamas e não contra civis palestinos.
Albanese, advogado e académico italiano, é um entre dezenas de especialistas independentes em direitos humanos mandatados pelas Nações Unidas para relatar temas e crises específicas.
As opiniões expressas pelos relatores especiais não reflectem as do organismo global como um todo.
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