ANCARA – O parlamento da Turquia aprovou no sábado um acordo de segurança e cooperação militar assinado com o governo internacionalmente reconhecido da Líbia no mês passado, informou a mídia estatal, um acordo que pode abrir caminho para a ajuda militar de Ancara.
A Turquia tem apoiado o governo líbio liderado por Fayez al-Serraj, enquanto luta contra uma ofensiva de um mês pelas forças de Khalifa Haftar, com sede no leste do país.
Ancara já enviou suprimentos militares para a Líbia em violação ao embargo de armas das Nações Unidas, de acordo com um relatório de especialistas da ONU visto pela Reuters no mês passado.
Os dois lados assinaram o acordo em novembro para impulsionar a cooperação militar, juntamente com um acordo separado sobre as fronteiras marítimas no Mediterrâneo oriental que enfureceu a Grécia.
A agência de notícias estatal Anadolu disse no sábado que o parlamento da Turquia votou 269-125 a favor do acordo de segurança depois que o governo do Acordo Nacional de Serraj (GNA) o ratificou na quinta-feira.
O presidente turco Tayyip Erdogan disse que a Turquia pode enviar tropas para a Líbia em apoio ao GNA, mas ainda não foi feito nenhum pedido. Ele disse na sexta-feira que a Turquia não pode ficar calada sobre mercenários apoiados pela Rússia que apóiam as forças de Haftar.
A Rússia disse estar muito preocupada com a possibilidade de a Turquia enviar tropas na Líbia e que o acordo de segurança levantou muitas questões para Moscou.
Erdogan discutirá o possível envio de tropas de Ancara para a Líbia com o presidente russo Vladimir Putin durante negociações na Turquia no próximo mês, disse o Kremlin na terça-feira.
Falando no sábado, o vice-presidente turco Fuat Oktay disse que os acordos com a Líbia são históricos para a Turquia e acrescentou que Ancara está pronta para avaliar a possibilidade de envio de tropas.
Ancara e Trípoli também ratificaram o acordo sobre as fronteiras marítimas no Mediterrâneo oriental, uma medida que levou a Grécia a expulsar o embaixador da Líbia em Atenas e aumentou as tensões na região. Ancara e Atenas estão em desacordo com os recursos na costa da ilha dividida de Chipre.
A Grécia diz que o acordo viola o direito internacional, mas a Turquia rejeitou as acusações, dizendo que o acordo visa proteger seus direitos no leste do Mediterrâneo. Erdogan disse que o acordo permitirá à Turquia e à Líbia realizar operações de exploração conjunta na região.
Um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA descreveu no sábado o acordo marítimo entre Ancara e Trípoli como "inútil" e "provocativo".
"Agora, com as fronteiras marítimas, você está desenhando na Grécia e Chipre … Da perspectiva dos Estados Unidos, isso é uma preocupação", disse a autoridade. "Não é hora de provocar mais instabilidade no Mediterrâneo".
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