Wang Yi se encontra com Putin em sinal de aprofundamento dos laços China-Rússia


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Putin diz que as relações entre os dois países atingiram ‘novas fronteiras’ e confirmou uma cúpula com o presidente chinês, Xi Jinping.

O calor do relacionamento da Rússia e da China foi exibido no Kremlin quando o presidente Vladimir Putin conversou com o principal diplomata da China, Wang Yi, e elogiou a importância da cooperação dos dois países.

As imagens mostraram Wang e Putin trocando um aperto de mão firme e sentados à mesa um do outro durante a reunião na quarta-feira. Outras mostravam Wang, o mais graduado oficial de política externa do Partido Comunista Chinês, parecendo relaxado enquanto caminhava com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.

A visita de Wang a Moscou – no final de uma turnê por vários países europeus – ocorre quase um ano depois que Putin ordenou tropas na vizinha Ucrânia, iniciando um conflito que deixou milhares de mortos, forçou milhões a fugir e deixou vilas e cidades ucranianas em ruínas.

A guerra também ampliou as divisões entre a Rússia e as democracias liberais do mundo, principalmente no Ocidente, que apoiam a Ucrânia e impuseram sanções a Moscou. Os laços entre a China e os Estados Unidos também estão sob séria tensão.

Observando a escalada das tensões internacionais, Putin disse que “neste contexto, a cooperação entre a República Popular da China e a Federação Russa na arena global é particularmente importante para estabilizar a situação internacional”.

Os laços entre os dois atingiram “novas fronteiras”, disse ele, confirmando que o presidente chinês, Xi Jinping, poderá em breve viajar a Moscou para uma cúpula. Os dois homens se encontraram dezenas de vezes desde que Xi se tornou presidente chinês.

Pequim não condenou Moscou pela guerra, embora a invasão, que Moscou chama de “operação militar especial”, tenha ocorrido logo após Xi e Putin se encontrarem na China e afirmarem uma parceria “sem limites”.

Os EUA e a OTAN recentemente expressaram preocupação de que a China possa fornecer armas ou outro tipo de apoio à guerra da Rússia, embora a China tenha negado ter qualquer plano desse tipo.

Wang enfatizou que Moscou e Pequim apóiam a “multipolaridade e a democratização das relações internacionais” – uma referência ao objetivo comum de combater o domínio percebido dos EUA nos assuntos globais.

“As relações sino-russas não são dirigidas contra terceiros países e certamente não podem estar sujeitas à pressão de terceiros países”, disse ele.

Sergey Lavrov sorrindo enquanto leva Wang Yi a uma sala no Kremlin.  Wang parece muito relaxado.  Ambos os homens estão de terno.
Antes de se encontrar com Putin, Wang Yu (à esquerda) se encontrou com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov (à direita), com Wang enfatizando o aprofundamento dos laços entre os dois países [Alexander Nemenov/Pool Photo via AP Photo]

Mais cedo na quarta-feira, Wang conversou com o ministro das Relações Exteriores da Rússia. “Nossos laços continuaram a se desenvolver de forma dinâmica e, apesar da alta turbulência na arena global, mostramos disposição para falar em defesa dos interesses uns dos outros”, disse Lavrov.

Wang respondeu da mesma forma, destacando o foco de Pequim em aprofundar os laços com a Rússia. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que não houve discussão sobre um suposto plano de paz chinês para a Ucrânia.

A China ecoou a afirmação de Moscou de que os EUA e a OTAN são os culpados pelo conflito ao “provocar” o Kremlin.

A Rússia, por sua vez, tem apoiado firmemente a China em meio às tensões com os EUA sobre Taiwan e outras questões, como na região noroeste de Xinjiang, onde as Nações Unidas descobriram que crimes contra a humanidade podem ter sido cometidos.

Ainda assim, alguns analistas dizem que, embora a China tenha enfatizado seus laços estreitos com Moscou, ela também tem medo de aumentar as tensões com o Ocidente quando precisa impulsionar sua economia após os prolongados bloqueios de sua agora extinta política zero-COVID.

“O isolamento do Ocidente não é algo que (Pequim) queira arriscar”, disse Yu Jie, pesquisador sênior da China no programa Ásia-Pacífico da Chatham House, um think tank do Reino Unido, em comentários publicados na quarta-feira.

“O presidente Xi e seus colegas começaram a perceber que a cooperação com a Rússia vem com limites substanciais para evitar minar as próprias prioridades políticas da China e os interesses econômicos de longo prazo.”

A guerra na Ucrânia começou em 24 de fevereiro do ano passado e se tornou o maior conflito de terras na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Em uma reunião na quarta-feira da Assembleia Geral da ONU de 193 membros para marcar o primeiro aniversário da guerra, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condenou a invasão da Rússia como uma violação da Carta da ONU e do direito internacional.

A Assembleia Geral deve votar ainda na quinta-feira uma resolução apresentada pela Ucrânia e seus apoiadores, enfatizando “a necessidade de alcançar, o mais rápido possível, uma paz abrangente, justa e duradoura” de acordo com a Carta da ONU.

Guterres disse que a Carta era “inequívoca”, citando-a: “Todos os membros devem abster-se nas suas relações internacionais da ameaça ou uso da força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer estado.”

A Ucrânia e seus apoiadores esperam aprofundar o isolamento diplomático da Rússia garantindo o apoio de quase três quartos da assembléia para igualar – se não melhor – o apoio recebido para várias resoluções no ano passado.

O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzya, disse à assembléia que Moscou ficou “sem outra opção” a não ser garantir “a segurança de nosso país, usando meios militares”.


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