Reunião do G20 termina sem consenso sobre guerra da Rússia na Ucrânia


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Na reunião das maiores economias do mundo, China e Rússia se recusam a assinar declaração condenando Moscou por sua invasão da Ucrânia.

Os chefes de finanças das maiores economias do mundo não conseguiram chegar a um acordo sobre uma declaração conjunta condenando a Rússia por sua guerra na Ucrânia no sábado, com a China e a própria Rússia se recusando a assinar.

A Índia, que como presidente das economias do Grupo dos 20 (G20) estava sediando uma reunião na cidade de Bengaluru, estava relutante em levantar a questão da guerra, mas as nações ocidentais insistiram que não poderiam apoiar nenhum resultado que não incluísse uma condenação.

A falta de consenso entre os membros do G20 fez com que a Índia recorresse à emissão de um “resumo do presidente e documento final”, no qual simplesmente resumia os dois dias de conversações e apontava divergências.

“A maioria dos membros condenou veementemente a guerra na Ucrânia e enfatizou que está causando imenso sofrimento humano e exacerbando as fragilidades existentes na economia global”, afirmou, citando interrupções nas cadeias de suprimentos, riscos à estabilidade financeira e contínua insegurança energética e alimentar.

“Houve outras opiniões e avaliações diferentes da situação e das sanções”, afirmou, referindo-se às medidas adotadas pelos Estados Unidos, países europeus e outros para punir a Rússia pela invasão e privá-la de receitas.

reunião do G20
O ministro das finanças da Índia, Nirmala Sitharaman, fala, enquanto o secretário de assuntos econômicos Ajay Seth e o governador do Reserve Bank of India (RBI), Shaktikanta Das, observam [Samuel Rajkumar/Reuters]

O resultado foi semelhante ao da cúpula do G20 em Bali em novembro passado, quando a anfitriã Indonésia também emitiu uma declaração final reconhecendo as diferenças. O G20, formado há mais de 20 anos para enfrentar crises econômicas, tem lutado cada vez mais para chegar ao consenso necessário para emitir um comunicado oficial de fim de reunião.

“Embora não houvesse o que chamaríamos de comunicado, mas apenas uma declaração de resultado, ainda achamos que fizemos algum progresso ao ter todos os ministros a bordo”, disse o ministro das Finanças indiano, Nirmala Sitharaman.

O ministro das finanças alemão, Christian Lindner, disse que a recusa da China em aderir à declaração é “lamentável”.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse anteriormente que era “absolutamente necessário” qualquer declaração para condenar a Rússia. Dois delegados disseram à Reuters que a Rússia e a China não querem que a plataforma do G20 seja usada para discutir assuntos políticos.

A Rússia, membro do G20, mas não do G7, referiu-se às suas ações na Ucrânia como uma “operação militar especial” e evita chamá-la de invasão ou guerra.

A Índia manteve uma postura amplamente neutra, recusando-se a culpar a Rússia pela invasão, buscando uma solução diplomática e aumentando drasticamente suas compras de petróleo russo.

China e Índia estavam entre as nações que se abstiveram na quinta-feira, quando a ONU votou de forma esmagadora para exigir que Moscou retire suas tropas da Ucrânia e pare de lutar.

Além das nações do G7, o bloco G20 também inclui países como Austrália, Brasil e Arábia Saudita.

“Está ficando difícil para o G20 se engajar em discussões construtivas por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia, que é um ato que abala os alicerces da ordem global”, disse o ministro das Finanças japonês, Shunichi Suzuki, a repórteres.

negociações de dívida

Paralelamente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) realizou uma reunião no sábado com o Banco Mundial, China, Índia, Arábia Saudita e o G7 sobre a reestruturação da dívida para economias em dificuldades, mas também houve divergências entre os membros, disse o gerente do FMI Diretora Kristalina Georgieva.

“Acabamos de terminar uma sessão em que ficou claro que há um compromisso de superar as diferenças para o benefício dos países”, disse Georgieva, que co-presidiu a mesa redonda com a ministra das Finanças da Índia, Nirmala Sitharaman, a repórteres.

Um delegado disse à Reuters que algum progresso inicial foi feito, principalmente na linguagem em torno do assunto, mas a reestruturação não foi discutida em detalhes.

Yellen disse que não houve “resultados” da reunião, que foi principalmente organizacional.

Outras discussões estão planejadas na época das reuniões do FMI e do Banco Mundial em abril.

A pressão tem aumentado sobre a China, o maior credor bilateral do mundo, e outras nações para fazer uma grande redução nos empréstimos concedidos a nações em desenvolvimento em dificuldades.

Em um discurso em vídeo para a reunião do G20 na sexta-feira, o ministro das Finanças chinês, Liu Kun, reiterou a posição de Pequim de que o Banco Mundial e outros bancos multilaterais de desenvolvimento também devem participar do alívio da dívida, fazendo cortes de cabelo.

A pressão da Índia por uma regulamentação mais rígida dos ativos privados de criptomoedas ganhou um apoio mais amplo na reunião.

Georgieva disse que os formuladores de políticas “não devem tirar da mesa” a opção de proibições definitivas se a regulamentação falhar. Yellen não apoiou tais proibições, mas disse que é fundamental estabelecer uma forte estrutura regulatória.


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